quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Relatório Deloitte - edição 2018

A consultoria Deloitte divulgou mais um relatório sobre o desempenho das receitas dos clubes de futebol, a edição é referente a temporada 2016/17, a primeira do Pep Guardiola no comando do Manchester City.

Não houve alteração dos cinco primeiros times em relação ao relatório, apenas a mudança de posição entre Barcelona e Real Madrid, com o time da capital espanhola tomando o segundo lugar do arquirrival. O Manchester United lidera com Bayern de Munique em quarto e o Manchester City no quinto lugar. É a sexta edição seguida que o clube fica entre os dez clubes de maior arrecadação.

Acho que a grande surpresa para mim foi a queda do Paris Saint Germain. Em 2014/15 o time estava em quarto lugar com o valor de 480 milhões de euros, em 2015/16 mesmo com a receita bem maior, 520 milhões, o time ficou em sexto, tanto Bayern quanto City o ultrapassaram. Agora em 2016/17 o time francês voltou a cair, está em sétimo, mas com a arrecadação despencando para 487 milhões basicamente o valor de duas temporadas atrás. Campanhas ruins no campeonato francês e na Liga dos Campeões fizeram com que o time perdesse bônus de parceiros, dinheiro de TV e com o dia do jogo, talvez por isso o investimento maciço em contratar o Neymar e o Mpabbé, preciso recuperar esse dinheiro perdido.

Quando o relatório saiu no ano passado, eu acreditava que o City perderia a sua quinta posição para o PSG por causa do Brexit, no dia seguinte a votação que foi a favor da saída do Reino Unido da União Europeia, a libra perdeu muito valor frente ao euro. A votação foi no dia 23/06/2016, uma quinta feira, no dia 24 a libra fechou com desvalorização de 6%: comprava 1,30 euro, passou a comprar 1,22. E nos dias seguintes houve quedas fortes também. Esse relatório da Deloitte leva em conta o preço médio da moeda entre os dias 1 de julho de um ano até 30 de junho do outro, o Brexit teve influência de cinco dias na média de 2015/16 e jogou um centavo de euro para baixo a média, de 1,34 para 1,33. Já no período de 2016/17, o que é analisado agora, o preço médio da libra foi 1,16 euros. Se o PSG não tivesse tomado aquela virada, podeira estar na nossa frente nesse ranking.

Para vocês terem ideia de quanto essa queda da libra influenciou o nosso rendimento em euros: em 2015/16 em libras recebemos 393 milhões, o que dava em euros 525, em 2016/17 em libras 453,5 m para 528 milhões em euros. O time arrecadou 60 milhões a mais em libras para o resultado em euros ter sido de apenas 3 milhões maior. 

E por causa do Brexit o Manchester City não tomou de passagem a quarta posição do Bayern de Munique. Com a libra a 1,33 euros, o nossa arrecadação seria de 603 milhões de euros contra 588 do time bávaro. Ainda iria restar um grande caminho para pegar o Barcelona (648 m), mas quem sabe em uns cinco anos não estaremos no pódio da Deloitte.

Acho que o um aumento substancial na receita pode vir da Liga dos Campeões e não da Premier League e por que disso? Na Premier League a diferença entre o primeiro e o terceiro colocados no campeonato foi de £ 4 milhões, por coincidência Chelsea e City tiveram o mesmo número de jogos transmitidos para o Reino Unido na temporada passada, foram 28, então o único critério de distribuição diferente entre eles foi a colocação. Parte do valor é distribuído igualmente, parte depende da colocação final e parte do número de jogos na TV para o Reino Unido, se o City for realmente o campeão inglês ele receberia o mesmo valor do Chelsea de 2016/17 com a dependência do número de jogos transmitidos e nesse caso o City está "mal".

Até o momento a quantidade de jogos do City que estiveram ou estarão na grade da Skysports e BT Sports é de 21, essa seleção vai até a 32 ª rodada, logo só há mais seis rodadas até o final, se o City estiver em todas chegará ao máximo de 27 jogos. Na hipótese de ser campeão com 27 jogos na TV e com os mesmos valores da temporada passada o City receberia £ 149,6 contra £146,9 da temporada anterior, aumento de apenas £2,7 milhões. Agora se, pelo menos, avançar para as quartas de final da Liga dos Campeões.

Se passar pelo Basel, a UEFA já pagaria 6,5 milhões de euros por jogar essa fase, além do dinheiro do dia do jogo. E como a campanha do City na primeira fase foi melhor nesse ano do que no primeiro do Guardiola, o time poderia faturar em euros uns 8 milhões de euros a mais (daria mais ou menos £ 6.8 milhões), se chegar as quartas, se continuar avançando esse montante logicamente aumentará. O dinheiro das copas inglesas para time grande é desprezível.

No relatório da Deloitte fala sobre a possibilidade de aumento na área comercial com acordos firmados entre com a Gatorade (no Etihad aparece escrito em branco do lado dos bancos de reservas, tinha uma outra empresa de tecnologia, não sei se está pintado lá ainda) e com a Amazon, que está fazendo um documentário dessa temporada.

Apesar de ser o Arsenal o sexto lugar nesse ranking, o nosso adversário é o PSG que fará uma campanha melhor no campeonato francês, acredito que renderá mais dinheiro para eles, e tem um desafio gigante nas oitavas da Liga dos Campeões, fase que caiu na temporada passada: enfrentará o Real Madrid. Mas é bom que o Bayern fique de olho bem aberto com a gente, pode ser que em uma ou duas temporadas já nos vejam no retrovisor.


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