Terminará nessa quarta feira, às 23 horas em Londres, 21 horas no horário de Brasília, mais uma janela de transferência no futebol inglês. Sempre é um dia divertido e ficar atento nos tempos reais dos sites ingleses, você descobre o desespero de muito time para fechar negócios antes do prazo acabar. No caso do Manchester City há duas especulações que ainda não tiveram seu final: Fred do Shakhtar e Mahrez do Leicester.
Na questão do brasileiro, eu acho que pode até fechar, mas ele não chegaria para agora. Não houve grande novidades durante o dia e o time ucraniano é um grande negociador, não costuma vender fácil seus jogadores. Agora a situação do Mahrez foi algo que surpreendeu a todos. O City tinha acabado de fechar a contratação do Laporte quando começou a pipocar informações que tínhamos feito uma oferta pelo jogador, até a minha última atualização foram três propostas e o último valor seria de £ 55 milhões. Essa quantidade não teria satisfeito o Leicester e pelo visto seria necessário bater o nosso recorde de transferência, a segunda vez em dois dias, para contratá-lo.
Há especulação sobre o porquê o City quis contratar o argelino: uma poderia ser por causa do contusão do Sané, que pode ficar até dois meses fora, e a outra que como houve a desistência por Alexis Sanchéz, o Guardiola tinha identificado Mahrez como a próxima opção. Acho que o que eu falava sobre o Sanchéz encaixa aqui também: a contratação seria a cereja do bolo, não seria algo extremamente necessário. O City está desfalcado de atacantes? Sim, mas daqui a duas semanas o Gabriel Jesus já deve estar pronto para voltar.
Eu acho o Mahrez um bom jogador, ele é muito importante para o Leicester e joga bem no estilo de jogo que privilegia a defesa e o contra ataque. Com um técnico melhor e com um time que joga mais no ataque, ele pode evoluir ainda mais. Mas eu fiquei imaginando, trazer um jogador por esse preço não seria prejudicial para a evolução da base? Por causa do Fair Play Financeiro, o contrato dele vai ser longo, cinco, seis anos para diluir o valor nesse período, então se imagina que ele vá ficar esse tempo todo no City, que ainda tem jogadores jovens como De Bruyne Sané, Sterling, Bernardo Silva, Gundogan... Esse pessoal vai tomar conta do City por muito tempo ainda o que me traz preocupação com o pessoal da base.
Em setembro desse ano se completará 10 anos da aquisição do City pelo grupo do Sheik Mansour, nos primeiros anos foi injeção de dinheiro para contratar jogador para o time crescer rapidamente, mas também foi gasto dinheiro para melhorar a infra estrutura do time e "produzir" jogadores na base que pudessem desde cedo terem o futebol do City no DNA. Sei que 10 anos é um período curto para se começar a ter resultados, mas acho que ainda estamos muito longe de ter esses tipos de jogadores.
Nesse segundo ano do Guardiola no comando do time praticamente nada mudou sobre o aproveitamento desses jovens jogadores, temporada passada eles ficaram em campo por 827 minutos, divididos por cinco jogadores. E nessa tivemos o mesmo número de jogadores com 685 minutos. Total eles jogaram pouco mais de 1.500 minutos, mas apenas 85 em partidas da Premier League, Aleix Garcia jogou 75 desses poucos minutos. A maior parte foi em jogos da Liga dos Campeões que não valiam nada, assim como a volta contra o Steua Bucareste na Pré Liga passada e em jogos da Copa da Liga. O minuto que Brahim Diaz ficou em campo contra Cardiff foi o único minuto que não pertence ao Aleix Garcia na Copa da Inglaterra.
Acho pouco provável que os minutos dessa temporada sejam maiores do que da passada, daqui para frente só temos jogos importantes, podem jogar uns poucos minutos contra o Wigan nas oitavas da Copa da Inglaterra, não acho que estarão nem no banco contra o Arsenal na final da Copa da Liga, já que nenhum jogou nas semis contra o Bristol City.
Esse final de semana me deu uma indicação que Guardiola ainda não os vê pronto para o jogo, para mim não havia razão porque não colocar o Diaz no intervalo no lugar do machucado Sané. Tínhamos uma boa frente no placar, os jogadores do Cardiff estavam descendo a porrada e, mesmo colocando um jogador sem muita experiência no profissional, ainda teríamos 10 jogadores, acho que esses dez já até jogaram Copa do Mundo.
Nenhum jogador dito como aquele que cruzaria a ponte entre o estádio da Academia e o Etihad vingou no clube por enquanto. Denis Suaréz, Karim Rekik, José Angel Pozo, Marcos Lopes eram algumas das promessas, mas não estão mais no clube. Nessa temporada um tanto de jogador saiu por empréstimo para ganhar experiência, o que parecia que ia melhor era o lateral direito Pablo Maffeo, que fez boas partidas pelo Girona, inclusive contra Messi e Cristiano Ronaldo, mas o técnico do Girona o colocou no banco nas últimas partidas, voltando só agora ao time titular contra o Málaga. O Aleix Garcia é companheiro dele na Espanha e mal tem jogado por lá, não me parece que ele vingará.
A joia do momento é o Phil Foden, se machucou e perdeu algumas oportunidades para entrar em campo. Se realmente o Mahrez for contratado, ele terá menos chance ainda. Apesar de jovem, ele pode procurar chance em outros times como fez o companheiro dele o Jadon Sancho, que era tido como uma grata promessa no City, ele começou fora do time do Borussia e nas três últimas partidas do time alemão jogou todos os minutos.
Você vê em treinos muitos jogadores da base integrados ao time profissional, mas acaba sendo mais para completar porque nos temos visto muito pouco deles em campo. Como eu disse anteriormente, sei que o processo de maturação é lento, deve demorar mais uns 5, uns 10 anos para ver um jogador produzido na base efetivamente no time profissional, mas é necessário que eles tenham oportunidade para o caso Sancho não se repetir. Se o Mahrez chegar realmente, esse período poderá aumentar e será que vale a pena trocar futuros promessas pelo Mahrez?
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