Na semana passada a consultoria Deloitte divulgou pela vigésimo quarto ano o ranking das maiores receitas do futebol mundial, apesar de não haver muitos times de fora da Europa em todos esses anos, acontece eventualmente, mas na análise a partir da vigésima primeira colocação, entre os 20 primeiros, que é o foco deles, eu nunca vi.
Nessa edição eu gostaria de saber como foi feito a análise porque eu não lembro, por exemplo, do Manchester City ter divulgado publicamente o seu balanço referente ao ano fiscal que vai de primeiro de junho até trinta e um de maio do ano seguinte, como a temporada. Não vi a divulgação dos valores de transmissão nem da Premier League nem da UEFA para as suas duas competições. Talvez a Deloitte tenha acesso a essas informações melhor do que eu, um simples mortal. Mas vamos lá para tentar mostrar o quê aconteceu com o City em 2019/20.
A expectativa de perdas para os clubes nas temporadas 2019/20 e 20/21 gira em torno de 2 bilhões de euros, grande parte com a receita do dia do jogo, mas também pela "devolução" de alguns valores dos direitos de transmissão e da área comercial, muitas empresas foram afetadas pela crise econômica decorrente da crise sanitária mundial.
Primeira a informação mais básica, o relatório é apresentado em Euros e quando passa de Libras para Euros pode haver uma valorização ou desvalorização da receita dos clubes ingleses, isso dependerá da variação no ano entre as duas moedas, nesse último relatório e no penúltimo a Libra ficou bem estável comparada ao Euro, em 2018/19 estava 1 Libra para 1,134 Euro, agora em 2019/20 ficou 1 para 1,14. Irrelevante essa variação.
Segundo, como o calendário dos jogos terminou após o ano fiscal, as partidas e receitas de um ano fiscal entraram no ano fiscal seguinte, alguns clubes não lançaram valores totais recebidos dos direitos de transmissão somente em um ano fiscal, terão que lançar, não sei qual a conta que foi feita, em dois anos fiscais. Esse é o caso do Manchester City porque o time avançou na Liga dos Campeões ao vencer o Real Madrid nas oitavas de final, já o Liverpool, por exemplo, foi eliminado pelo Atlético de Madrid antes da parada do futebol em março de 2020.
Na Premier League os clubes dividiram de forma proporcional o valor de 330 milhões de libras porque não conseguiram entregar tudo o que havia combinado com os detentores de direitos, esse valor será descontado ao longo do ciclo de direitos que começou em 2019/20 e terminará em 2021/22 com o valor para o mercado interno £ 1.7 bilhões e o externo de £ 1.5 bi, ambos por temporada, esses valores somados representam um aumento de 8% em relação ao contrato anterior. Nas competições da UEFA também houve um desconto pelos clubes e entidade não conseguirem entregar tudo, o valor foi de 575 milhões de Euros, não se fala em quanto tempo isso será "devolvido".
Havia uma expectativa do Manchester United perder pela primeira vez o posto de número um em arrecadação na Inglaterra por causa do clube não ter se qualificado para mais uma Liga dos Campeões e perder boa parte da sua receita já que o estádio ficaria fechado. Se falava que poderiam ser o Manchester City a tomar a sua posição, eu fiquei de olho no Liverpool porque sabia que iria receber uma bolada bem mais alta que a gente na Premier League, a informação quebrada sobre os direitos de transmissão por competição não saiu no relatório da Deloitte, então não dá para saber o que aconteceu. O que posso falar é que o United continua sendo o primeiro em arrecadação na Inglaterra.
O City manteve sua posição em sexto lugar, apesar de ter sido ultrapassado pelo Liverpool, (lembrando recebeu todo o dinheiro da UEFA dentro do ano fiscal 2019/20), entretanto o PSG, porque a Liga Francesa terminou sem ter realizado todos os jogos, perdeu muito dinheiro e caiu para a sétima colocação, mas chegou na final da Liga dos Campeões, o próximo relatório pode ser que o time francês volte para a quinta colocação, quem sabe roube um quarto lugar. Uma coisa importante na questão do dinheiro da UEFA para o City: o clube foi o inglês a ir mais longe na Liga dos Campeões, os outros três caíram nas oitavas, isso faz com que receba uma parte maior da fatia destinada aos times da Premier League, fará muita diferença no próximo relatório de receita.
A Deloitte divide a receita em três contas: TV, Dia do Jogo e Comercial. Nas duas primeiras contas o City deve variação negativa em relação ao relatório passado, na TV caiu 25% (mais uma vez: parte entrou em ano fiscal posterior), no Dia do Jogo 24%, essa é uma receita menor no City mesmo, apesar de ter uma ocupação alta e um estádio grande, os ingressos não são tão caros quanto dos rivais, no top 10 é o time que menos gera receita com esse tipo de conta.
Houve um aumento de 9% na área comercial, a razão seria o melhor acordo comercial com a Puma do que com a Nike, antiga fornecedora de material esportivo, e também o patrocínio extra nos uniformes de treino com a empresa de apostas MarathonBet. No geral o clube teve perda de receita de 11%, isso representa o quarto lugar entre os times do Top 10 que menos perderam percentualmente, ou seja, apenas outros três clubes tiveram queda de arrecadação menor que o City.
Desde a temporada 2011/12, quando ficou em sétimo lugar, o Manchester City está entre as 10 maiores receitas do futebol, mesmo antes da aquisição o time figurava entre os 20, um ou outro ano pode não ter aparecido, mas ficava circulando as maiores vinte receitas, um ano bom o colocaria novamente no ranking.
É isso então, vou carregar todos os relatórios que tenho numa nuvem, incluindo o mais recente, e posto o link para quem quiser abaixar. Link no Google Drive.
É legal ficar bem nesse ranking? O negócio é ganhar título, mas é importante ter fontes de receita que não dependam de um mecenas e para ninguém ficar acusando o Sheik Mansour de comprar títulos. O plano do City era sempre ser superavitário, o Sheik precisou gastar para chegar a ser competitivo. Investiu bastante e agora o time está na elite do futebol mundial. O plano está funcionando!
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