Nessa quinta feira, feriado da Proclamação da República no Brasil, houve uma reunião em Londres com os 20 clubes da Premier League. O assunto foi o controle de gastos dos clubes, ou seja, diminuir os prejuízos dos time e da Liga em geral. Temporada passada o prejuízo acumulado dos clubes foi de £ 361 m, sendo do Manchester City de £ 197 m.
A Premier League está querendo repetir o que a UEFA já está colocando em prática, o Fair Play Financeiro, onde o clube não pode gastar com salários e transferências mais o que arrecada, podendo operar com prejuízos pequenos durante os três primeiro anos do FPF. Possíveis punições só aconteceriam em 2018. Como já disse inúmeras vezes, sou a favor da ideia, mas do jeito que querem, o modelo vai privilegiar os maiores clubes, com uma base maior de torcedores poderão arrecadas mais, logo gastar mais.
E também fico puto porque esse projeto surgiu para nos brecar e não vejo ele sendo tão comentado agora quando um time francês, o presidente da UEFA é francês, está gastando horrores na contratação de super estrelas. Por coincidência, o filho desse presidente é tipo um consultor do time em questão. Estranho, muito estranho.
Sobre a Premier League, a ideia do controle ainda está em fase embrionária e para qualquer mudança ser aprovada é preciso que pelo menos 14 dos 20 times estejam de acordo. Haverá uma forte pressão de vários clubes para que isso evolua. Os relatórios financeiros estão sendo liberados aos poucos e Man Utd, Arsenal e Chelsea, primeiro ano com lucro após a compra por Romam Abramovich, tiveram receitas maiores que suas despesas na temporada 2011-12. O nosso ainda não saiu, estou ansioso, espero menos de £ 197 m, numa faixa entre £ 80- 100 m de prejuízo.
A posição do City deve ser a mesma de quando a UEFA lançou o FPF, não fez escarcéu, está trabalhando para se adequar as regras. Mas na Premier League, o clube pode ser ouvido e até votar contra, se o projeto for muito absurdo, impossibilitando que o clube jogue dentro dessas regras. Um clube que já está bem contrário é o Fulham. O time de Londres, de propriedade de Mohamed Al-Fayed, não está muito interessado que haja esse controle. Para eles, clubes gastariam o quanto quisessem.
O projeto ainda está sendo discutindo. O dono do Wigan disse que podem seguir o modelo de "break-even" da UEFA, já há correntes que falam no teto salarial pago aos jogadores, muito possivelmente isso deve ter saído dos donos americanos porque esse conceito já é muito difundido nos esportes dos EUA. Ou mesmo limitar o gasto com salários, mas permitir um aumento de 5% a cada temporada. Mais ideias surgirão.
Os clubes não definiram nada hoje e se reunirão novamente em fevereiro para mais uma rodada de conversações. Com certeza haverá grande pressão dos times que apresentarem lucro. O City tem um projeto de se tornar um clube auto sustentável como afirmou Khaldoon Al Mubarak em entrevistada dada após o final do último campeonato, só que é um projeto bem complicado. O clube ainda terá que remar muito e agir em duas frentes: conter os gastos, bastante!, e alavancar as receitas.
Nesse segundo quesito, o clube procurou gente que foi responsável pelo crescimento financeiro do Barcelona e conta ainda com o novo contrato de direitos de transmissão do campeonato que é substancialmente maior que o corrente. Dizem que o valor arrecadado pelo City na última temporada, valor recorde da Premier League, deverá ser alcançado por times intermediários. O Manchester City tem o potencial por ser um time ainda novo no cenário mundial. Com os títulos chegando e boas campanhas, o clube aumentará sua base mundial de fãs.
O lado da redução de gastos é, na minha opinião, o mais importante. Os custos com contratações estão caindo a cada janela de transferência. Eu achei que não iríamos gastar tanto nessa última janela, fazendo uma conta por alto, deve ter chegado na casa de £ 40 m, melhor que na temporada anterior, mas alto ainda. Essas contratações chegam ao clube com salários bem maiores que seriam pagos por outros clubes. Temos alguns jogadores que recebem mais de £ 200 mil por semana. E o clube ainda está renovando, por períodos longos, com sua espinha dorsal por salários ainda mais altos.
Eu acho que esses salários altos ainda mostram que o clube ainda não está num patamar que eu achava que estávamos, de ser convidativo apenas no aspecto esportivo, mas precisa oferecer mais para atrair jogadores.
Com restrições na Europa e sendo criadas internamente, Mancini tem que se adequar. Não vai adiantar ficar reclamando que não recebeu os jogadores que queria. Tenho certeza que a diretoria do City gostaria de contratar todo jogador que fosse indicado por ele, mas isso não é possível, infelizmente. O elenco do City é ótimo, precisa de mais um armador, e serve fácil para brigar pelo bi campeonato da Premier League. Os recursos disponíveis para contratação virão basicamente da venda de jogadores. Clube terá que vender bem para comprar bem.
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