"Vamos contratar os melhores jogadores do mundo, dinheiro não é problema" - Não foram exatamente com essas palavras, mas o sentido era esse, com que Sulaiman Al-Fahim se apresentou quando foi anunciado a compra do Manchester City e ele seria o cara por trás disso. Pouco depois se descobriu que o dono na verdade era o Sheik Mansour.
O mundo do futebol ficou nervoso porque o clube, poucas horas depois de ser comprado, havia anunciado a contratação de Robinho por £ 32.5 milhões. Isso foi na metade do ano de 2008, na virada do ano o clube foi com tudo para negociar a contratação de Kaká por valores que girariam em torno de £80 - 100 milhões. Realmente dinheiro não era problema. Para desacelerar esses gastos a UEFA quis impor um limite para gastos dos clubes, o Fair Play Financeiro.
Já deixei aqui minha opinião que eu não sou inteiramente contra a ideia, é necessário haver responsabilidade na hora de gastar, há aventureiros que entram extremamente felizes com muito dinheiro, mas depois não conseguem se manter, como foi o caso do Al-Fahim que comprou o Portsmouth e o hoje o clube está na quarta divisão e é propriedade do Fundo dos Torcedores do Pompey.
O Manchester City está com o mesmo dono há quase seis anos, não é um brinquedo na mão de um rico. Mas o dinheiro desse dono vem do petróleo e gás que é controlado pela família real de Abu Dhabi. Se acontecer uma revolução para tirá-los do poder, o gasto com o City será cortado logo.
Acho que a ideia do Fair Play é muito restritiva para que clubes pequenos possam lutar contra os maiores, talvez esses times menores pudessem ter um limite maior de gastos, um número aleatório, até 150% da sua receita por um período de cinco anos, depois começar a balancear suas contas.
"Nós não temos limite para contratar" - Essas foram as palavras de Ed Woodward, vice presidente executivo do Manchester United.
Depois de uma temporada patética, o time vai precisar se reforçar muito para poder lutar pelo título da Premier League, muitos jogadores estão saindo do clube e outros são fracos tecnicamente. E as finanças deles estão equilibradas? Para a UEFA sim, afinal quem ajudou na elaboração do FPF foi um executivo deles, David Gill. O clube paga milhões de juros desde a sua compra pelos Glazers, mas esse tipo de pagamento não entraria no conceito e com isso as contas do United não estariam no negativo.
Para se reforçar o clube terá que supervalorizar vários jogadores porque muitos estão sendo procurados e dando as costas para eles. Pagaram quase £ 30 milhões num lateral esquerdo que tem duas temporadas nos profissionais. E as compras não devem parar e os preços não serão baixos.
Eu estou curioso para ver como a UEFA irá analisar o contrato do United com a Adidas, patrocinadora da UEFA, logo não teria conflito de interesses nesse caso? Aparentemente o United receberia, em 10 anos de acordo, £ 750 milhões de libras, £ 75 m por ano. A Nike pagava um terço disso para o time da Grande Manchester. E um outro time que a Adidas é fornecedora é o Real Madrid onde ela paga bem menos da metade aos Merrengues.
Então estou comparando dois times de mesma magnitude, não podem me acusar de ser injusto. Essa diferença monstruosa será aprovada pelos contadores da UEFA? O City tomou porrada por causa do acordo com a Etihad para patrocinar mais propriedades e por um valor total menor que a metade do acordo entre Adidas e United.
Outra coisa como será a contabilidade criativa da dupla espanhola, Barcelona e Real Madrid? Os clubes devem impostos, além de serem taxados um percentual menor que seus concorrentes na Espanha, e a vida segue para eles poderem gastar. O Barça tem até agora prejuízo próximo de £ 45 milhões em suas transferências. Além daquela história mal contada da transferência do Neymar.
O Real Madrid na temporada passada contratou o Bale, o Isco e agora foi a vez do James ( ou Gimenez?) Rodriguez, Toni Kroos. Tempos atrás foi a vez em uma tacada só Cristiano Ronaldo e Kaká. Mais de £ 300 milhões em novos jogadores, isso por alto. Nessas horas eu adora a ideia que tentam vender com aquela conta de padaria.
O jogador X chega por Y e vende milhares de camisas (M) por 100 euros. Pegam o M multiplicam por 100 e diminuem de Y, pronto " a venda de camisas estão quase pagando a contratação do jogador". Todo o dinheiro vai para o clube, saem do seu bolso os 100 euros e cai direto na conta do time. Não tenho a menor experiência, mas se chegar a 20%, eu acharia muito. Tem todo uma rede de produção, transporte, vendas, royalties...Eu não acho que se paga jogador com venda de camisa. E tem mais o salário.
Esses caras não são que nem eu que ganho um salário baixo, eles demoram uns 30 segundos para receber o que eu recebo. No primeiro momento se vende camisa para cacete, mas depois cai o número de vendas e o salário não para de ser pago.
Eu vou aceitar de vez o FPF quando a UEFA apertar para esses times. Porque até agora só pegou "peixe pequeno", quando começar a mexer com os tubarões do futebol europeu é que coisa irá ficar interessante.
Um adendo rápido. A UEFA puniu 9 times por não se adequarem ao do FPF, apenas o Anzhi tinha uma ligação com a Adidas, mas em 2013/14 quando sofreu a punição havia trocado os alemães pela Nike. Dos restantes, cinco são da Nike, 2 da Puma e um da Joma. Acho que manter uma contagem sobre isso seria bem interessante.
Manchester City e os ingressos.
Todo mundo já sabe que o City sofreu punição da UEFA e está com um limite de gasto menor que a maior parte dos seus adversários e por isso não está fazendo contratações espetaculares. De acordo com a diretoria, o clube já iria balancear suas receitas e gastos nessa temporada, então eles estão levando em banho maria essa punição. Hoje foi divulgado os preços para a partida contra o Liverpool na segunda rodada, aumentaram muito em relação ao mesmo jogo da temporada passada.
Não acho que o FPF seja o único culpado nessa história. Com a ambição do clube se tornar global, a demanda por ingressos para seus jogos aumentou e entenderam que seria interessante aumentar os preços. Essa hora ia acontecer de qualquer jeito.
Os donos do clube querem que o clube tenha lucro, afinal é um negócio. Infelizmente os torcedores vão ter gastar mais. Com a mudança da Umbro para a Nike, já vimos o preço dos produtos subir. Para ser "sócio" ( na verdade, eu não entendo esse conceito), o torcedor pagaria £ 35 ao ano, coisa que estava a 10 há dois ou três anos.
O clube está fazendo uma reforma para aumentar a capacidade do Etihad e colocar preço "populares" nessa expansão. Não ficaria surpreso de que os assentos mais preços do campo e dos bancos de reservas subissem como um foguete.
Futebol fica a cada dia mais excludente e elitista. Tomara que o City não faça isso com seus torcedores.
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