Ontem o Manchester City Football Club divulgou o resultado das operações do clube com início em 1º de junho de 2010 e término em 31 de maio de 2011. E como todos já esperavam o clube teve um prejuízo maior que no relatório anterior e tentou amenizar o enorme déficit mostrando o lado positivo dos investimentos feitos nos últimos anos.
O prejuízo foi, no total, de £ 194 milhões (R$ 545 m) e repetindo a mesma estratégia dos relatórios anteriores, o clube não possui grandes dívidas, apenas algumas com bancos, mas que são irrisórias, por volta de £ 4 milhões. O que acontece para não ter dívidas mesmo com o o prejuízo é que todo o dinheiro gasto pelo Sheik Mansour não entra no balanço como empréstimo, mas é transformado em ações do clube e repassadas para ele. Ou seja, no dia que ele quiser terminuar suas operações com o clube, não irá bater na porta da Tesouraria e pedir o valor, vai vender suas ações na Bolsa de Valores.
Esses £ 194 m são divididos em duas contas: £ 160 m de prejuízo com as operações do clube mais £ 34 m de custo adicionais excepcionais de valores revisados de bens intágiveis, aqueles que não se pode pegar ou tocar, como por exemplo patentes, marcas registradas. Ou seja, é grego para mim isso. Mas foi como o clube teve déficit no ano fiscal.
Esse valor de £ 194 m é recorde na história de qualquer clube inglês e se bobear de qualquer clube mundial. O maior déficit anteriormente era do Chelsea em 2005 com £ 141 m de prejuízo. E em relação ao relatório anterior, o prejuízo do Man City aumentou em 60%! Foi de "apenas" £ 120 m.
Grande parte do déficit foi com a conta Salário, que no balanço do City inclui todos os funcionários, sejam do futebol ou de outras áreas, que incluem diretorias. Em 2010/11, o clube gastou £ 174 m contra £ 133 m no período anterior, isso levando em conta que o número de empregados caiu de 413 para 386. Só por aí dá para se ter uma idéia de como a folha de pagamento só do futebol aumentou.
O City é líder entre os outros times da Premier League nesse campo: Chelsea pagou £ 172m, Utd, £ 152 m e Arsenal gastou £ 124 m.
A outra parte que conta muito para o rombo nessas contas do City é o gasto com contratações de jogadores. Não se tem números precisos sobre isso, mas especula-se que passe de £ 150 m, com o time contratando 7 jogadores e pelo menos 5 por mais de £ 20 m. E os jogadores vendidos tinham preços bem reduzidos no mercado. Nessa temporada até o fim da janela de verão, especula-se que o gasto foi superior a £ 70m e os jogadores que sairam também tinham valores reduzidos.
A diretoria do City explicou que esse resultado horrível não irá se repetir (com todo respeito, comentário padrão não acham?) porque o clube tinha um programa acelerado de investimento entre 2008 e 2011 para alcançar seus obejtivos logo, como a conquista de um título e entrar no competição mais importante da Europa, a Champions League. Eles mostram essa intenção ao contratar um número de jogadores menor nessa temporada (cinco), sendo que um jogador não teve custo de transferência. Porque a estrutura do elenco (leia-se gastos com contratações) já havia sido montada em 2010/11.
Mas é importante salientar que alguns jogadores sairam do clube e eles não eram os que recebiam os maiores salários. Com certeza Aguero e Nasri devem receber o total que os dispensados recebiam. Logo nossa conta Salário aumentará bastante. Aumento inferior a queda do custos de trasnferência, mas de qualquer modo um aumento.
Para começar a falar das receitas do clube é preciso ressaltar que nesse relatório ainda não são levados em conta o novo acordo com a Etihad Airways e a nossa participação na Liga dos Campeões.
2010/11 não foi o período apenas do nosso recorde de prejuízo, mas também foi a primeira vez que o clube ultrapassou a marca de £ 150 m de receitas ( o que pensando bem, me faz ficar ai mais de boca aberta com esse prejuízo): o total passou de £ 125 m para £ 153 m, um aumento de 22,5%. Com certeza um resultado fantástico, ainda mais se levarmos em conta como anda a economia européia como um todo.
Há um relatório anual que a consultoria Deloitte faz que usa como base essas informações dos clubes que classifica o clube de acordo com sua receita. Em 2010, tendo como base 2009/10, o Manchester City ficou em 11º lugar com uma diferença para o 10º lugar, Juventus da Itália, de £ 32 m. Se a Velha Senhora mantiver a mesma receita, o City ainda não ultrapassa, mas a distância cai para £ 14 m. Só que devemos perder a 11ª posição para o Tottenham, que estava apenas £ 6 m atrás, eles receberam £119 m, porque o clube de Londres participou da Liga dos Campeões e receberam da UEFA £ 26 m e não haviam participado antes.
MATCHDAY ( £ 19.7 M)
Nessa conta entra toda a receita relacionada a dias de jogos e houve um aumento de 8% ( £ 18.2 para £ 19.7m). A razão é porque a média de público no Etihad Stadium aumentou durante a Premier League, o time jogou pela Liga Europa e também foi campeão da FA Cup. Por outro lado, o time jogou menos pela Carling Cup por ter sido eliminado na primeira rodada da competição, contra uma semifinal na temporada anterior.
Essa conta pode até subir nessa temporada com a participação na Champions League, mas não vai conseguir fazer muita diferença. Fizemos 11 jogos a mais em relação a 2009/10 e faturamos £ 1.5 m a mais. Só é possível aumentar essa receita significativamente com um aumento do estádio, ou seja, precisa de um aumento despesa antes.
DIREITOS DE TRANSMISSÃO (£ 68.8 M)
Aqui já houve um crescimento interessante. Como a distribuição do dinheiro da TV na Premier League está relacionada, em parte, com a posição do clube na classificação final, o terceiro lugar, melhor colocação na história do clube na era moderna do campeonato inglês, ajudou a aumentar a receita com TV, assim como a participação na Liga Europa e a vitória da FA Cup. O City recebeu £ 54 m e passsou para £ 68,8 m, 27,4% de variação.
Esse valor vai passar dos £ 90 m com o City jogando a Champions League e quem sabe pode passar até de £ 100m! Isso se o time for campeão da Premier League e ir avançando em todas as competições no formato de copa, na Carling Cup já chegou nas quartas de final.
PARTE COMERCIAL ( £ 64,6 M)
Pelo o que entendi dessa conta, ela pode ser dividida em 3 sub contas: receita comercial com parceiros, serviços referentes aos dias de jogos e venda de produtos.
A receita comercial com parceiros rendeum um aumento de quase 50% ( £ 32,4 m para £ 48,5m). De acordo com o City isso de deu "pelo impacto de um ano completo do continuado plano de parceiras de longa duração." Entre essas parcerias Etihad, Umbro, Aabar, Etisalat.
O Serviço referentes aos dias de jogos aumentou 6,1%, de £ 9,8m para £ 10,4m, que é o reflexo da maior procura por produtos de hospitalidade que o estádio ofererece.
A venda de produtos cresceu a partir do acordo do City com a empresa Kitbag para essa cuidar das operações de venda no varejo dos produtos City. A rentabilidade aumentou em £ 2.6 m, nesse campo, o relatório não dá muitos detalhes não. Talvez seja acordo entre o clube e a empresa.
O restante do relatório fala sobre o futuro do time, como vai funcionar o ambicioso plano de transformar uma área pobre, abandonada de Manchester em um celeiro de novos jogadores para o City, que não irão desenvolver apenas suas habilidades no futebol, como também em outras áreas que possam ter um futuro caso não consigam se manter no futebol.
O fato de nove jogadores da divisão de base já terem jogado no time principal na era Roberto Mancini é comentado pelo menos umas duas vezes, mas ninguém comenta que nennhum deles ainda não é parte integrante do elenco. Sei que tem muitas qualidades esse projeto do City, mas é preciso questionar alguns pontos.
Acredito que o próximo relatório apresentará melhoras, sendo em aumento de receita e queda de depesas e com a proximidade do Fair Play Financeiro (começo previsto para a temporada 2012/13), temos que mostrar que estamos caminhando para equilíbrio de contas para agradar a UEFA.
Obrigado por ter se dado ao trabalho de detalhar estas informações para nós fãns do CIty
ResponderExcluirEric