terça-feira, 1 de setembro de 2015

Manchester City e sua base.

No dia de hoje se completou sete anos da aquisição pelo Sheik Mansour e sua trupe do Manchester City. Não há como negar que essa é história de sucesso e de evolução do clube tanto dentro quanto fora das quatros linhas. O clube lutava na zona intermediária da tabela e conseguia trazer alguns bons jogadores em fase final de carreira. Desde 2008 o City consegue contratar jogadores de grande destaque no futebol e luta por títulos.

Esse processo de rápido crescimento no campo se deve ao massivo investimento feito pelos seus donos na contratação de jogadores que seriam capazes de mudar nosso status. São vários jogadores que não perderei tempo para citá-los. Num processo que não há tanta visibilidade para quem não acompanha o clube, também se investiu na contratação de jogadores novos de destaque e infra estrutura para fazer esses moleques a se tornarem grandes estrelas.

Esse processo tem um tempo de maturação muito grande, então eu não acho que seria para agora que teríamos jogadores do nível de um David Silva no elenco porque para se chegar ao nível de excelência máximo, isso para qualquer área, é preciso se peneirar bastante. Uma analogia simples e muito utilizada é comparar essa procura como uma pirâmide, onde a base é extensa, mas pouco aproveitável pelos times grandes, e a parte superior é fina com uma grande demanda pelos melhores times do mundo por esse talento.

A minha intenção de escrever esse post é mostrar a dificuldade do City de conseguir achar essa peça que é bem superior a média dos jogadores, que não seja necessariamente no topo. Essa ideia surgiu quando o jovem Marcos Lopes foi vendido para o Mônaco, ele era tido como um jogador de destaque no clube  e que poderia quebrar a barreira entre a base e o profissional para trazer com ele no futuro mais alguns jogadores. Infelizmente não foi ele que conseguiu isso. Apesar de eu achar que ele não fosse chegar no topo, topo mesmo, mas ele estaria bem acima da média. Poderia ter sido utilizado melhor e mais no futuro.

Com essa ideia na cabeça, eu fiz um levantamento do número de jogadores da base e o tempo deles em campo nos últimos anos. A minha data de corte foi o dia 1º de setembro de 2008, o dia da aquisição. Só foram considerados jogadores que atuaram a primeira vez após essa data. O número atual pode variar de acordo com o gosto do freguês: entre 18 e 20 atletas. Para mim, esse número é de 18, não considero nem o Luca Scapuzzi nem o Kelechi Iheanacho da base.

O Scapuzzi chegou no clube, treinou dois dias (figura de linguagem) na base logo depois estava em uma partida da Copa da Liga. O que o City agregou nele para ele dar esse pulo de base para profissional com a gente? Nada. Já o Iheanacho é mais simples: chegou e já jogou com o time profissional na pré temporada 2014/15. Só não foi colocado para jogo em partidas oficiais porque teve problemas com o visto de trabalho, quando foi liberado estava no meio para o final da temporada, fez jogos com a base para manter o ritmo.

Dito isso, procurei a ficha de jogos desses jogadores. Para parecer um trabalho longo e cansativo, mas não é. Atuaram tão pouco que em menos de 2 horas, foi possível chegar ao total de minutos deles em campo pelo City. O número mágico é de 3.975 minutos. Se dividirmos por 90, daria um pouco mais de 44 partidas. Na temporada passada quem mais jogou pelo City, Jesus Navas, entrou 47 vezes em campo, certo que nem em todas ficou 90 minutos nele.

Se imaginarmos que apenas jogadores da base entrariam em campo numa partida, inclusive o três que viriam do banco, então a cada partida eles completariam 990 minutos. 3.975 por 990 dá 4,01 partidas. Se eu for maldoso e falar que os juízes costumam dar 1 min no primeiro tempo e 3 no segundo, daria menos de quatro partidas entre eles.

A Copa da Liga é a competição que mais tempo eles jogam, apesar que na temporada passada na eliminação diante do Newcastle em casa não tivemos nenhum em campo. Mas eu acho bem justo usar essas partidas, como a contra o Sunderland, para dar tempo de jogo para algum jogador jovem, ver o que são capazes em um torneio que não tem grande importância para o clubes que lutam pela Premier League e estão na Liga do Campeões.

E para piorar esses números, mais de 50% do tempo é por causa de um único jogador: Dedrick Boyata. Poucos jogadores conseguiram completar os 90 minutos em campo. Os treinadores que passaram no City nesse período ( Mark Hughes, Roberto Mancini e o atual Manuel Pellegrini) não deram muitas chances para esse jogadores ou porque precisavam de resultados logo ou porque realmente os jogadores não eram bons.

Desses 18, apenas cinco estão em times de primeira divisão e outros três nem empregados estão, de acordo com Transfermarkt. É óbvio que nem todos da base se tornariam profissionais pelo City, mas acho que o clube dá poucas chances aos jogadores, mesmo aos jogadores que poderiam ter alguma chance de vingar no clube se pudesse jogar mais. 

O Karim Rekik tem apenas 20 anos, foi titular no PSV e agora no Marseille, talvez valeria a pena ter ficado um pouco mais com ele. O Marcos Lopes não teria mesmo lugar no clube hoje, mas eu acharia bem possível ele ter futuro no City porque não acho que o Nasri e Navas passem dessa temporada.O primeiro ficará mais no banco ou mesmo fora dele do que no time titular, vai ser cansar disso e procurará outro lugar para jogar, basicamente como o Milner fez. E o segundo adiciona apenas a velocidade para o elenco, tem muita dificuldade para acertar cruzamentos e chutes, principalmente aqueles cara a cara com o goleiro.

Claro que falar que esses dois não ficaram no City foi porque o clube não deve ter se esforçado para mantê-los, é ser muito simplista. As negociações não devem ter atendido todas as partes.

A próxima nova promessa do City é o zagueiro Jason Denayer que irá para o seu segundo empréstimo. É possível que na temporada que vem Demichelis deixei o clube e ele possa se integrado como um dos quatro zagueiros. Mas será que ficará? Os outros três ainda tem tempo de futebol pela frente, ele terá que lutar para ser titular, uma briga dura. Se tivesse que apostar hoje, eu acho que ele não jogará pelo City.

Eu acho que só daqui uns cinco anos, sendo otimista, que teremos um jogador do elenco que virá da base, mesmo com essa infra estrutura toda. E nosso elenco na Liga dos Campeões terá 21 jogadores por um bom tempo.

Minutos em campo:



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