sábado, 18 de janeiro de 2014

Num passado nem tanto distante assim.

A ideia desse texto teve início no começo do ano, então comecei a pesquisar e levantar algumas informações. Nesse meio tempo o Manchester City se aproximou muito dos 100 gols e a imprensa em geral conversou com o Micah Richards. Ele lembrou dessa temporada 2006/07. O texto é uma ideia original minha que pode ser confundida com algumas matérias escritas pela mídia inglesa. Como o City estava numa maratona, não havia tempo para colocar esse texto no blog. Esse parágrafo poderia ser desconsiderado se o Richards jogasse mais e falasse menos.

781, vocês tem ideia a que esse número se refere? Vamos começar pelo presente para voltar a um passado nem tão distante assim.

O atual Manchester City é um time que usa suas estrelas para jogar para frente, futebol ofensivo e total. Esse é o modo de como seu treinador gosta. O time acabou de bater um recorde no futebol inglês: foi o time que precisou de menos jogos, por todas as competições, para chegar a 100 gols, foram necessárias apenas 34 partidas. O recorde anterior pertencia ao Chelsea de 2012-13 com 42 e foi pulverizado por Aguero, Negredo, Dzeko e companhia.

Além desse recorde tem outro que poderá trocar de mãos, o de partidas consecutivas na Premier League sem deixar de marcar um gol no seu estádio. Desde o empate em 0-0 contra o Birmingham City em 13 de novembro de 2010, o Manchester City marca gols no Etihad Stadium pelo campeonato inglês, são 61 vezes seguidas. Cinquenta no comando de Mancini e onze de Pellegrini.  Enquanto com o italiano o time privilegiava a defesa, o chileno pensa prioritariamente no ataque. O recorde está na mãos do Manchester United com 66 partidas.

Esse é nosso presente, mas há sete anos o Manchester City amargava um período muito grande de seca de gols. Foi na temporada anterior a compra do clube pelo ex premier tailandês, Thaksin Shinawatra.  Nossos atacantes eram jogadores do quilate de Darius Vassell, Émile Mpenza, Georgios Samaras, Bernardo Corradi.

O ataque era tão improdutivo que terminamos a temporada de 2006/07 com 39 gols em 44 jogos, média menor do que um gol por jogo, e artilheiro foi Joey Barton com 7 gols. Nas últimas cinco partidas, Negredo marcou o mesmo número de gols do artilheiro daquela temporada, Dzeko precisou de um pouco mais, foram sete jogos. O enredo começa no ano novo, no dia primeiro de janeiro de 2007, no jogo contra o Everton. O estádio ainda se chamava City of Manchester. Aos 72 minutos de jogo, Samaras fez o segundo gol da vitória por 2-1 sobre os Toffees.

A partir desse momento, o Manchester City deixou de marcar gols pelo campeonato inglês em casa até o final da temporada! Foram oito partidas que ninguém conseguia fazer uma bola tocar nas redes do adversário em Manchester! A Fortaleza, como o estádio é conhecido hoje, era a área de lazer dos visitantes. Mantivemo-nos  na Premier League porque fora de casa não encontramos esse problema, era possível marcar gols e vencer algumas partidas.

Durante esse período o City enfrentou tanto times da ponta da tabela como aqueles que seriam rebaixados. A má fase começou contra o Blackburn, derrota por 3-0. Há alguns dias metemos 5-0 neles, outros tempos. Depois 2-0 para o Reading. Engraçado nesse dia é que, depois do jogo, me lembro de estar esperando o sinal fechar para atravessar a rua quando viro para o lado e vejo o comediante do Casseta & Planeta Cláudio Manoel usando uma camisa do Reading, vocês não diriam que esse é um momento Typical City? O cara não devia saber nem o resultado do jogo, nem saber que o Reading tinha jogado, pegou uma camisa qualquer no armário para ir à rua e acabou me zoando.

Depois foi para o Wigan e Chelsea (ambos 1-0), empates com o Charlton e Liverpool, derrotas para Aston Villa (2-0) e United (1-0) para terminar aquela temporada. Dessa época ainda existem dois jogadores no elenco atual: Micah Richards e Joe Hart. O goleiro passou grande parte da temporada emprestado, Richards atuou bastante. Era um período de altas dívidas do clube e que precisou se desfazer de jogadores importantes. Em 2005/06 o Shaun Wright Phillips foi vendido para o Chelsea por £ 21 milhões, valor usado em grande parte para pagar dívidas que chegavam a £ 80 milhões.

No período entre temporadas o Manchester City foi comprado pelo Shinawatra e ele usou seus recursos para contratar jogadores, mas coube a um jogador da base do time acabar com essa seca, Michael Johnson, logo no primeiro jogo em casa da nova temporada.

Foi contra o Derby Count em 15 de agosto de 2007, mas a torcida teve que esperar até os 43 minutos do primeiro tempo para poder gritar gol novamente. O total de minutos entre os gols de Samaras e MJ: 781. Hoje em dia não passa na cabeça de nenhum torcedor do Manchester City ficar nem 90 minutos sem gol, imagine isso tudo. Comparando é como se falasse para uma criança hoje que a inflação no Brasil já foi mais de 30% ao MÊS, enquanto o normal hoje em dia é de 6% ao ANO! Tem gente que não tem ideia que o City passou por esse período de seca de gols.


Temos que aproveitar cada momento atual do time porque num passado nem tanto distante assim, a realidade era muito diferente. Tanto dentro quanto fora do campo.

Um comentário:

  1. Darius Vassel, Samaras... Esses eram fodas. De ruins. E encontrar neguinho com a camisa do Reading é histórico também! Parabéns, ótimo post.

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