quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Arrecadação do Manchester City

A notícia que circulava ontem era verdadeira e a Deloitte Consultoria divulgou o seu ranking anual dos 20 clubes que mais arrecadam no futebol mundial. Mesmo com a Europa apresentando ritmo baixo ou negativo de crescimento, esse relatório mostra que houve uma avanço de 8% ( de 5 bi euros para 5,4 bi) na arrecadação desses clubes, mercados periféricos devem estar ajudando bastante o futebol europeu. Clique aqui para ver a lista completa.

O Manchester City ainda não liberou em seu site, como é seu costume fazer, o seu relatório financeiro, de despesas versus arrecadação. A metodologia da Deloitte só leva em consideração o quanto cada clube gera de receita. Acho importante que o clube libere todas essas informações para sabermos como está a evolução da saúde financeira do clube. Há dois relatórios atrás o prejuízo foi de mais de £ 190 m, no último caiu para £ 90 m. Embora ainda acredite nessa queda, tenho certeza que não será dessa vez que o baixaria o valor para £ 40 milhões em prejuízo. No período em consideração ainda havia jogadores com altos salários no City, diminuiu esse número de jogadores só após o início de novo ano fiscal.

O Manchester City avançou uma posição na classificação, era o sétimo, agora o sexto colocado. Passou o Chelsea e o Arsenal, mas perdeu para o PSG e seu patrocínio sensacional de uma empresa do Catar. Se o acordo comercial entre City e Etihad Airways chamava atenção das autoridades da UEFA, o que dizer desse do clube francês e dos cataris? Sempre lembrado que o filho do Platini, presidente da UEFA, tinha ligações com PSG e agora com uma empresa do Catar.

A arrecadação do City subiu de 285.6 m euros (£231.1 m) para 316.2 m euros (£ 271 m). Esse valor poderia ter sido maior caso a libra não tivesse desvalorizado tanto entre os dois relatórios. No primeiro relatório com uma libra se comprava 1,23 euros, já no segundo esse valor reduziu para 1,16 euros. Esse valor de arrecadação é dividido em três formas de receita: direitos de transmissão, acordos comercias e Matchday (tudo que envolve o dia do jogo e uso do estádio como com concertos de música). A porcentagem de cada item que compõe o valor total já não era balanceada na relatório anterior, nesse novo piorou.

Os acordos comercias passaram a representar 53% do faturamento contra 49% anteriormente. Matchday passou de 13% para 15% e o dinheiro da TV caiu de de 38% para 32%. O valor recebido da TV, em libras, ficou estável, diferença de £ 200 mil libras (£ 88.2 x £ 88.4 m), só quando se passa para euros o valor cai, de 109 m euros para 103 m. O dinheiro recebido pela transmissão da Premier League e dos jogos da UEFA foi praticamente o mesmo nos dois períodos levados em consideração, a diferença mínima entre os dois anos foi que em 2012/13 chegamos na final da Copa da Inglaterra.

Mesmo jogando uma vez a menos em casa em 2012/13 do que em 2011/12, o valor arrecado pelo Matchday subiu (£30.8 x £ 39.6 m, 38.1 m x 46.2 m de euros), uma razão é o aumento do valor do ingresso e a outra foram três partidas ( Community Shield no Villa Park e semi final e final da Copa da Inglaterra em Wembley) em estádio neutros contra apenas uma em 2011/12 (CS em Wembley). Essa conta deve aumentar num futuro não muito distante porque o clube vai começar o processo de expansão do seu estádio. Serão oferecidos mais 12 mil ingressos por jogo, esses serão os mais baratos do estádio, e a ocupação atual é superior a 95% da capacidade do Etihad.

O motivo do grande salto de valores arrecadados está na receita com novos acordos comerciais, em 2011/12 foi 138.5 m euros contra 166.9 m agora. O acordo com a Etihad já havia sido considerado no relatório passado, o que fez aumentar foram acordos menores com empresas que se tornaram parceiras e irão explorar a marca Manchester City apenas regionalmente, como uma empresa de bebida energética na Indonésia.

A base financeira do clube está sendo construída e de maneira bem forte, a marca vem crescendo o que possibilita atrair ainda mais parceiros. Com a troca de jogadores caros, como Balotteli e Tevez, por mais baratos, Navas e Negredo por exemplo, o clube também espera diminuir os gastos e caminhar para se adequar nas regras da UEFA de Fair Play Financeiro.

Acho que seja possível passar o PSG na briga pelo quinto lugar dessa lista. Vários fatores favoráveis ao City, não conheço bem como atua o clube francês para aumentar a arrecadação, mas a do Man City dará um salto muito alto no relatório de 2013/14. Hoje a diferença em euros é de 82.6 milhões (£ 70.8 m) entre os dois clubes. A começar pelos direitos de transmissão da Premier League.

Há duas temporadas, quando fomos campeões ingleses, o Manchester City bateu o recorde histórico de valor recebido na Premier League, £ 60 milhões, ultrapassada na seguinte pelo United por questão de £ 500 mil. O novo acordo entrará em vigor nessa temporada e especula-se que esse valor recebido pelos últimos campeões será o valor que o último colocado receberá em 2013/14. A diferença entre o que o primeiro e último colocado recebem gira em torno de 50%, ou seja, se o último levar £ 60 m, o campeão receberá por volta de £ 90 milhões.

Ainda seguindo no assunto TV, o City, se a UEFA mantiver a mesma premiação da temporada passada, deverá receber quase 35 milhões de euros (sendo considerada uma eliminação na fase oitavas de final) contra 28.7 no período anterior. Para chegar a essa conta, eu considerei que o Market Pool (divisão do dinheiro da TV) entre os clubes ingleses que jogam a Liga dos Campeões seria a mesma, o MCFC recebeu 18.6 milhões de euros, esse valor poderá cair porque menos jogos do City foram transmitidos e ele foi o 2º lugar na Premier League e não campeão, esses são só alguns fatores que compõe o Market Pool.

Em 2012/13, jogamos 26 vezes no nosso estádio. Temos garantidos 27 jogos nessa temporada, sendo um de encher o estádio até o último lugar disponível: a partida pelas oitavas de final contra o Barcelona. Os ingressos já estão esgotados e foram salgados. E na questão comercial, teremos receita de novos acordos.

O City continua a explorar a marca regionalmente e a Nike começou a ser nossa fornecedora de material esportivo esse ano. Já li que esse acordo iria dobrar o valor anual que o clube receberia da antiga fornecedora, Umbro, de £ 6 m para £ 12 milhões.

E tem um fator extra futebol que poderia ajudar o Manchester City também. A libra voltou a se valorizar frente ao euro, então quando a Deloitte for converter o valor do City para euros para comparar com os times da zona do euro, daria uma alavancada na nossa arrecadação.

Queria fazer um comentário sobre Corinthians. O clube paulista passou de 31º para 24º lugar, mas eu não acredito que será no próximo ano que haverá um clube de fora da Europa na lista das 20 maiores receitas. A Premier League e a Bundesliga terão novos contratos de TV a partir dessa temporada, o campeonato alemão teve um aumento de mais de 50% do valor, times como Newcastle e West Ham estão pouco atrás. O cenário econômico no Brasil está pior em relação aos últimos anos, muitos clubes não conseguem patrocínios master e cotas para outros patrocínios no uniforme também estão complicados de serem fechados.

Outro fator que irá pesar muito é a desvalorização do real frente ao euro. Quando a Deloitte fez o relatório, usou o euro valendo R$ 2.87, hoje está em R$ 3.27. Se pegarmos o valor arrecadado e dividirmos por essa nova cotação, o Corinthians ficaria com mais ou menos 100 milhões de euros, o que o deixaria fora do top 30.

2 comentários:

  1. Eu não entendo como o Corinthians é o 24º clube mais rico do mundo e depende de uma dezena de 'parcerias' pra contratar um jogador de R$ 6 milhões... O Cleber é um exemplo, lembro q na época das negociações demorou um tempão pra fechar pq o Corinthians tava esperando ajudas financeiras de parceiros pra fechar o negócio...

    Hj eu tava vendo umas tabelas de divisões inferiores da Inglaterra, e por acaso eu vi o Portsmouth... na 21ª posição da 4ª divisão, a 2 pontos da zona de rebaixamento pra 5ª divisão. Espero msm q o City não tenha o msm destino do Portsmouth, acho q não vai ter.

    E uma pergunta: em alguns anos o City será auto-sustentável, mas eu me pergunto se esse 'auto-sustentável' quer dizer q o clube vai permanecer no msm nível técnico e financeiro de hoje (com o Mansour), ou se será 'auto-sustentável' tipo o Stoke City, q não é pobrinho mas tbm n é uma equipe de topo na PL, tipo 'dá pra viver'. Resumindo: o City dps do Mansour será tipo o Arsenal (q tem bastante dinheiro), tipo o Stoke City ou tipo o Portsmouth????

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  2. Esse relatório não diz que um time é mais rico que o outro, ele leva em consideração o quando você arrecada no ano fiscal. Times podem arrecadar muito e ter altos gastos também. Há alguns dias li que o Bom Senso FC fez um levantamento sobre os clubes que não estão em dias com os jogadores, o Corinthians está a cinco meses sem pagar direitos de imagem.

    Acho que o auto sustentável do City é de verdade. Tem muita gente que entra como aventureiro nesses times, o caso do Porstmouth, do Málaga, o QPR (tem um ótimo documentário que passa na Sportv, "Plano de quatro anos"), que não tem ideia com trabalhar nisso.

    O City gastou muito em jogadores, mas também trouxe várias pessoas para trabalhar suas finanças, assinar acordos comerciais e olheiros ao redor do mundo que estão buscando talentos no berçário porque o custo é menor, caso do Marcos Lopes. O crescimento do City, para mim, parece ter bases sólidas.

    Sei que se o Mansour sair agora, seria um desastre porque o clube ainda não está equilibrado, mas vai completar seis anos em setembro desde da compra e não parecem que terão investido esse montante todo e vão dar adeus do nada. Longe disso. Estão construindo a Academia de futebol que ficará pronta no meio do ano, tem essas compras de times nos EUA e Austrália.

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