domingo, 25 de maio de 2014

Retrospectiva 2013/14 - Parte I

Começa hoje uma retrospectiva da temporada do Manchester City. Será um especial em não sei quantos episódios e com a frequência de acontecer em qualquer dia da semana e com intervalo de tempo completamente irregular. No episódio inicial, o personagem principal será o treinador Manuel Pellegrini.

Manuel Pelelgrini, este homem charmoso.



A história de Manuel Pellegrini no Manchester City não começa em 2013/14, o primeiro contato dele começa exato 1 ano antes dele levantar o título do campeonato inglês, em 11 de maio de 2013. O dia da final da Copa da Inglaterra entre Manchester City e Wigan.

A imprensa inglesa antes da partida já divulgava informações da demissão do técnico Roberto Mancini, a derrota para o Wigan não parece ter influenciado em nada a decisão da diretoria. O nome do chileno era especulado em alto e bom som como em alto e bom som também ele sofria xingamentos da torcida mesmo sem ter pisado na Inglaterra ainda. Cantos como "You can stick your Pellegrini in your arse", algo sutil como " vocês podem enfiar seu Pellegrini em seu orifício anal" eram entoados em Wembley enquanto o time jogava uma péssima partida e não parece que queria vencer.

No dia da derrota não tinha sido anunciada a demissão de Mancini, dois dias depois sim, no aniversário de um ano da conquista do campeonato inglês de forma espetacular. Eu reconheço que não sou o maior fã de Mancini e tenho minhas restrições ao seu trabalho. Mas eu achei estranho sua demissão, a temporada não foi nem de perto boa, só que eu acreditava seria dar um passo atrás a mudança no comando do time. Com o passar do tempo ficamos sabendo como era o clima no clube e vestiário.

Pelo o que o antigo roupeiro Chappy falou, não havia relacionamento com os jogadores e mesmo com os funcionários do Manchester City. Se não há comunicação entre treinador e atletas, em qualquer lugar do mundo fica mais fácil cair apenas uma pessoa do que 22.

No melhor estilo low profile Pellegrini chegou em Manchester. Para quem se lembra do vídeo produzido pela CityTV, ele é recebido no aeroporto pela equipe do clube e chega com olhar até de assustado porque aquilo não parece ser o habitat natural dele, a TV. Pelo comportamento dele que conhecemos hoje, tenho certeza que se pudesse, ele evitaria as entrevistas coletivas, colocaria outra pessoa e sua vida no City se resumiria a treinar e comandar o time.

A primeira partida oficial dele foi no Etihad Stadium e começou da melhor maneira possível, uma vitória de 4-0 sobre o Newcastle e com um gol logo aos 7 minutos para não deixar a torcida sofrer calafrios. Foi maneiro esse jogo pare ver como realmente ele é. No gol de abertura do placar, marcado pelo David Silva, ele comemorou não de forma explosiva, correndo para a torcida ou para a comissão técnica, ou contida, como parecia ser o caráter dele, ele cerrou os punhos e vibrou muito.

O estilo de jogo mais aberto dos seus times foi motivo de preocupação nossa. Apesar dos boas vitórias em casa, o time ia mal em jogos fora do Etihad e Pellegrini sofria críticas da imprensa inglesa, como por exemplo, a tuitada do ex jogador e atual comentarista Gary Lineker após a derrota para o Cardiff : " Welcome to the Premier League, señor Pellegrini" (Bem vindo a Premier League, senhor Pellegrini). Ele não se abateu e continuo a colocar o time para jogar da forma que ele queria.

Após os altos e baixos do começo da temporada, o Manchester City engatou uma sequência de 20 jogos sem perder, sendo apenas dois empates. Uma dessas vitórias incluía um 3-2, após estar 2-0 contra, em cima do Bayern de Munique na Alemanha e o City com um time misto. Além disso no dia 18 de janeiro o clube alcançou um recorde: foi o clube da Premier League que chegou aos 100 gols, em todas as competições, mais cedo, foram necessários apenas 34 partidas. O time anterior precisou de 42 jogos para conseguir marcar 100 vezes.

Nesse período dessas 20 partidas, o treinador teve que enfrentar alguns dos seus adversários sem poder contar com jogadores importantes como David Silva, Vincent Kompany, Sérgio Aguero. Nesse momento era tudo flores em Manchester. O Manchester City era chamado pelos alguns dos seus oponentes como o melhor time do mundo, mas fevereiro chegou e a coisa parecia que iria desandar de vez.

O time entrou em campo apenas 5 vezes. Perdeu os 100% em casa no campeonato inglês contra o Chelsea, na partida seguinte deixou dois pontos em Norwich, conseguiu eliminar o Chelsea na Copa da Inglaterra, sofreu para vencer o Stoke em Manchester e uma nova derrota para o Barcelona, também em Manchester. Resultados que nos deixaram bem apreensivos. Tivemos um sopro de ar fresco com o título da Copa da Liga Inglesa, o primeiro do treinador em solo europeu, mas novo baque aconteceu poucos dias depois.

Como na temporada passada, perdemos para o Wigan e caímos da FA Cup. Pellegrini sofreu muita pressão por causa da sua escolha de colocar um time mesclado em campo e se preocupar mais com a partida contra o Barcelona, onde a eliminação era iminente. O City também perdeu para o Barcelona e ficou de fora da Liga dos Campeões.

Em uma semana houve uma mudança de postura da imprensa e torcedores. Havia a grande expectativa de uma possível quádrupla coroa, para depois muita gente achar que só o título da Copa da Liga Inglesa era um fracasso. O time conseguiu se recuperar no campeonato inglês e não deixava Liverpool e nem Chelsea se descolarem. Mesmo com um a menos desde os 10 minutos do primeiro tempo, o City venceu o Hull por 2-0 e fez mais um double  no United. A partida contra o Liverpool parecia ser a decisão antecipada e a derrota aconteceu, com uma entregada monstra nossa, e o posterior empate para o Sunderland em casa não tiraram de Pellegrini a visão do título.

Ele não fica usando a imprensa para mandar seus recados e nem entra em guerra com outros treinadores. Foi xingado por Alan Pardew do Newcastle, Mourinho tentou desestabilizá-lo com provocações e sofreu fogo de gente que nem mais estava na Premier League. Mancini deixou o recado dele que os resultados obtidos pelo City eram por causa da base que ele havia montado. A única coisa que Pellegrini falou foi que Chelsea e Liverpool ainda iriam perder pontos até o final da Premier League e por isso acreditava na conquista do campeonato inglês. Não deu outra.

Liverpool e Chelsea entregaram e ele soube aproveitar esses vacilos. E Mancini está certo, era a sua base, nos últimos cinco jogos, o time titular contava com 10 da era Mancini e apenas Demichelis contratado pelo Engenheiro. Só que ele fez o time jogar bola. O Javi Garcia era apedrejado por mim e por todos, com Pellegrini nós sentimos mais confiança nele e eu acredito que ninguém gostaria que ele saísse do clube agora. E o que dizer do Nasri que Mancini gostaria de socar? Vocês acham que melhorou em quantos porcentos a suas atuações nessa temporada? É outro jogador! Ajudou muito mais o time sob o comando do Pellegrini.

O Pellegrini não tem uma atitude belicosa com seus jogadores, ele parece ser um Papai Joel quando o assunto é o trato com seus atletas, mas com manual em inglês, tem ar condicionado, direção hidráulica, freio ABS (nem sei se é o melhor), vidro elétrico, quatro portas, sensor de ré, retrovisores elétricos e o mais importante, vem com apenas 1 volante e não quatro como o Papai Joel.

Em momentos difíceis na temporada ele se manteve calmo e contornou, como a má fase de Hart. Ele colocou o goleiro inglês no banco após os jogos que classificaram a Inglaterra, ignorou as especulações sobre a vinda de um novo arqueiro, bancou Pantilimon enquanto achava que Hart deveria sentir a pressão da desconfiança para melhorar e diferentemente de Mancini deixou o romeno jogar a final de uma Copa onde ele foi o titular na maior parte dos jogos. Após o título, nós víamos a emoção do Pantilimon por ter sido o escolhido para defender o City naquele jogo.

Em sua primeira temporada no City, ele conquistou dois títulos, quebrou marcas, fez o time jogar um excelente futebol que foi admirado no mundo. É impossível falar que ele foi mal. Esperamos que o clube possa evoluir ainda mais sobre o seu comando. Ele sabe que a pressão continuará a existir, mas eu acredito que ele possa lidar muito bem com isso e nos trazer ainda mais títulos.

E para finalizar só quero dizer uma única coisa para ele:

Welcome to Manchester, you charming man!

2 comentários:

  1. O cara chegou ao clube e conquistou uma Premier League na primeira temporada. Eu não levava muita fé nele, e duvidava que conquistaria um título importante tão cedo. Baita trabalho do chileno.

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  2. Eu não tinha a certeza do título, mas tinha a certeza de um time ofensivo com um belo futebol.
    Foi lindo ver esse belo futebol levantar a taça.

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