Um representante do Liverpool, Ian Ayre, resolveu abrir a boca para provocar todo o futebol inglês. Ayre disse que seria mais interessante para o seu time negociar individualmente os direitos de transmissão dos jogos da Premier League exibidos no exterior( é importante salientar que ele só falou nos direitos para fora do Reino Unido, mas quem pensa nessa forma pode estender seu pensamento para os direitos internos no futuro). E disse que para outros times seria vantajoso também. Citou Arsenal, Chelsea e Man Utd.
Os dois times de Londres já defenderam essa idéia, mas hoje o porta voz do Chelsea afirmou ser mais interessante o acordo coletivo. Pelo o que eu li em vários sites, a família Glazier, dona do Utd, é contrária a tal proposta porque pode enfraquecer o campeonato inglês e transformar num espanhol, pensamento que é compartilhado por várias pessoas, desde donos de clube até torcedores. Vicky Kloss, chefe de comunicações do Manchester City, disse que o assunto nunca foi tratado interna ou externamente. O clube acredita que a venda coletiva é benéfica.
A criação do Premier League, em 1992/1993 já foi para haver uma separação individual de renda, mas nesse caso, pelo que eu entendi, era sobre a receita com ingressos para as partidas. No momento da criação foi definido como seria feita a partilha do bolo da TV:
- 50% dos direitos para o Reino Unido seriam divididos igualmente, 25% por colocação no campeonato e 25% por números de jogos transmitidos, sendo que cada clube teria um mínimo de 10 jogos na transmitidos.
- toda a venda para o exterior seria dividida igualmente entre os 20 times participantes, antes descontado o efeito "para-quedas" para aquelas equipes que cairam nos últimos anos.
O total recebido no triênio que vai até 2012/13 é de £ 3.2 bilhões, sendo £ 1.4 b para os direitos fora do Reino Unido. Ou seja, os times vão receber um generoso falar ao final da cada temporada. Na 2010/11, o campeão foi o Man Utd com £ 60 m e o Blackpool, lanterna com "míseros" £ 39 m. Eu escrevi um artigo sobre isso em Maio.
Para se mudar a maneira como se vende seus direitos de transmissão é necessário que se tenha 14 dos 20 votos possíveis na reunião entre clubes. Nem com muito LSD na lata é possível pensar que times da metade de baixo da tabela iriam votar a favor de perder a maior receita deles para tornar um rico mais rico ainda.
A justificativa de Ian Ayre para a mudança é que existe mais torcedores do Liverpool no Extremo Oriente e Oriente Médio, logo o clube para fortalecer suas finanças e evitar problemas com o Fair Play Financeiro e fala que o Barcelona e o Real Madrid levam vantagem em relação ao seu clube por eles não dividirem essa fatia com os pequenos na Espanha. Só que o abismo que existe na La Liga só aumenta ano após ano. É tão emociante ver jogos de lá nas últimas temporadas.
Os campeonatos nacionais são geralmente de pontos corridos em turno e returno, em alguns lugares com 20, outros 18 clubes. É claro que todo mundo quer que seu time vá até Wigan ou Bolton e ver seu time meter 4-0, 5-0 tranquilamente, como acontece em muitos jogos na Espanha, mas se esse fato acontecer toda semana, os próprios torcedores irão ficar frustrados por não existir mais competição, o campeonato vai fica monótono e vai perder seu atrativo, logo o número de patrocinadores vai cair, tem tudo para entrar numa espiral negativa.
Eu entrei em um fórum dos torcedores do Liverpool é li muitos comentários contrários a idéia do diretor do Liverpool porque o campeonato passaria a ter apenas 6 jogos importantes e o restante da temporada seria extremamente sem graça. Muito interessante o pensamento deles porque eles seriam extremamente beneficiados, a não ser que a TV de Abu Dhabi resolve comprar os jogos do Manchester City por £ 100 bilhões por temporada!.....rs
Eu acho que mudar de posição em direção ao modelo espanhol seria um mau negócio para a Premier League. E acho que seria mais interessante para Barcelona e Real Madrid revisarem suas negociações, podem acabar jogando 38 vezes um contra outro porque os outros 18 clubes vão preferir montar uma outra liga. A diferença entre Barça e Real para o terceiro colocado foi de 25 e 21 pontos. Se Utd e Chelsea perdessem esses pontos acabariam em sétimo e oitavo, respectivamente, fora da Liga dos Campeões.
Vale lembrar que o campeonato brasileiro está indo na mesma direção que o espanhol. Com Corinthians e o Framengo ganhando por volta R$ 100 m e outros como Atlético/MG levando R$ 60 m e Bahia entre R$ 30 e R$ 35 m, em pouco tempo o Brasileirão vai virar uma La Liga. Eu acho que os direitos de TV teriam que ser coletivos poderiam amenizar as diferenças que nunca serão zeradas porque os valores de patrocínios, a quantidade de produtos vendidos por um time com milhões de torcedores no país sempre vai deixar ele com mais vantagem para poder contratar.
Talvez seja interessante para Ian Ayre e os dirigentes do futebol brasileiro darem uma olhada nesse trecho do filme "Uma mente brilhante":
Nenhum comentário:
Postar um comentário