A questão do Fair Play Financeiro (FPF) é controversa e tenho certeza que a grande parte dos torcedores do Manchester City não concordam com a minha opinião de que é necessário haver limitações de investimentos e "investimentos" por parte do novos proprietários dos clubes na Europa.
Entendo que deva haver essa limitação porque tem muita gente usando clube de futebol para lavar dinheiro, ganhar retorno em curto prazo para depois abandonar o clube endividado, a beira da falência e com muitos torcedores em total desespero. A reação de um torcedor de verdade é bem diferente de um acionista de um empresa de mercado, tanto o clube quanto a empresa podem "sumir", a reação sobre o fim do clube seria bem mais emotiva.
Quando se começou a discutir e implementar o FPF a minha ideia era que poderia haver um gasto maior, um limite maior para clubes que não fossem da elite e por isso não teriam dinheiro vindo de uma Liga dos Campeões, por exemplo, para tentar equilibrar as forças dos clubes. Mas o que a UEFA decidiu foi não dar chance para novos ricos e impediu gastos maiores que as receitas e qualquer tentativa de burlar isso.
Num primeiro momento eles conseguiram impedir, multar e penalizar seus "inimigos": Manchester City e PSG. Apesar que os dois times sofreram a mesma punição por algo que eu entendo como crimes diferentes. O City tentou dar um mandrake nas contas, o PSG apenas recebeu mais receita comercial que times como Bayern, Real, Barcelona e United. Coisa simples né? Agora parece que a regra vai mudar.
No próximo mês o conselho da UEFA irá se reunir e, aparentemente, a entidade vai relaxar um "pouco" (esse pouco depende se você é gente boa com a UEFA ou não) o valor do investimento dos donos. Ainda não tenho muito detalhes, mas aquela minha ideia de afrouxar o valor gasto pelos clubes que não seriam da elite pode ser aplicada para todos os clubes. Eu acho que essa mudança de posicionamento da UEFA vem de dois pontos: direitos de TV Premier League e Manchester United.
O United, com um dirigente que ajudou e deve continuar a ajudar na questão do FPF, gastou horrores nessa temporada para reformular uma equipe que ficou em sétimo lugar fora de qualquer competição europeia, ou seja, perdeu bastante dinheiro. E até o momento não tem garantia que irá participar da fase de grupos da próxima Liga, então terá que continuar a aumentar o seus gastos. Vamos falar a verdade, quem os viu jogando, viu que o time é fraco, precisa mudar muita coisa para competir por títulos, vai gastar rios de dinheiro novamente. Além disso o clube tem uma dúvida imensa e paga um montante enorme de juros pelo dinheiro emprestado.
Sobre a Premier League, acho que há uma pressão de clubes da Europa continental para poder gastar visto que o dinheiro que os clubes ingleses receberão a partir da temporada 2016/17 deve fazer com mais da metade dos clubes da primeira divisão fiquem entre os 20 mais ricos do mundo. Com o contrato antigo já são oito.
A expectativa é que o último colocado recebe £ 97 milhões, na lista do Deloitte o 20º é o Everton com faturamento de £ 120 m, ou seja, mais £ 23 m em um ano é possível para quase todo clube inglês.
Com essa quantia será mais simples para os times da Premier League contratarem melhores jogadores, isso não quer dizer que irão dominar a Europa, mas facilitaria bastante. Então clubes grandes do continente vão precisar gastar além do que geram para poderem competir por talentos e lutar pelos títulos europeus.
E não venham me falar que craque se faz em casa porque Neymar, Suárez, Neuer, Ronaldo, Ribbery, Tevez, Robben, nenhum deles é produto dos times. Tiveram que gastar para contratar e nenhum desses caras foi baratinho não.
Com medo do Premier League, um dirigente francês do St Etienne já a chamou de NBA, que a UEFA deveria agir e que pressões de Bayern, Real, Barça trariam mais atenções aos ouvidos dos dirigentes. E eu não duvido nada que em Nyon deve ter gente falando espanhol, alemão, italiano, francês a beça.
O City já foi punido, me parece que mais ninguém tomará essas multas. Vai ter lobby na Suíça para essa mudança passar, sem a menor sombra de dúvida.
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