Pouco antes do clássico de Manchester ontem, o United revelou mais um contrato de patrocínio, uma renovação curiosa com a atual patrocinadora, a empresa de gerenciamento de risco AON, se especula na casa de £ 20 milhões por ano. Não será para o patrocínio master da camisa, mas para a camisa de treino, durante a pré temporada deles e para o centro de treinamento deles, ou seja, o Manchester City lançou moda.
Para ficar dentro das normas do Fair Play Financeiro (FPF), ambos os clubes de Manchester adotaram essa política de vender o nome do CT, a diferença entre o nosso para o deles é que a Etihad, além do CT, estará em marcas principais do City: a camisa e o naming rights do estádio. No momento conheço apenas esses dois casos de centro de treinamento que receberam nome de empresas, mas daqui a pouco muitos outros clubes também deverão adotar tal prática.
Falei sobre centros de treinamentos e FPF para abordar um caso muito interessante para times como o Manchester City (principal inimigo do Platini), pode ser um ponto favorável para a gente: por causa de ação movida pela Comissão Européia, o Real Madrid pode enfrentar problemas para estar dentro das regulamentações do FPF, problema que envolve o área do seu centro de treinamento e ajuda da prefeitura de Madrid.
Em 2000 a prefeitura da Madrid comprou o antigo CT do Real pelo preço de 22.7 milhões de Euro, quando havia vendido para o clube 13 anos antes por 421 mil de Euro e ainda recebeu uma área de igual tamanho, que segundo o jornal El País vale mais que a área do centro antigo. Nesse novo foi levantado o CT e será construído um shopping e um hotel. De acordo com o jornal espanhol, o benefício total ao Real chegou a 200 milhões de Euro, o que seria configuraria ajuda do governo municipal com vantagens financeiras para o clube.
Para quem se lembra, o ano de 2000 foi quando iniciou o período dos Galácticos no Real Madrid com a contratação por parte do presidente Florentino Perez de vários jogadores de ponta como Zidane, Ronaldo e Figo com valores de transferências recordes. Acho importante ressaltar que Perez é um homem rico, segundo a Forbes, ele valia 1.9 bilhão de Euro e estava em 536 na lista de bilionários em 2009, e sua fortuna vem do mercado de construção civil. Mera coincidência ele conseguir um belo negócio com a prefeitura da capital espanhola.
O problema para o Real Madrid é que em 2011 a Comissão Europeia recebeu essa denúncia sobre ajuda estatal para o time e isso fere dois artigos, ambos sobre ajuda estatal, um da Comissão Europeia e outro da própria UEFA e seu FPF. O responsável por esse caso é um espanhol, Joaquin Almunia, que trabalha juntamente ao Michael Platini para que o FPF não seja questionado em tribunais da Comissão Europeia.
O jornal The Independent, que publica essa notícia na Inglaterra, mostrou que o West Ham teve problemas para assegurar o estádio olímpico porque havia uma reclamação na Comissão Européia sobre a participação de um fundo que representava participação do Estado no processo. Acho que o jornal começará levantar muitos casos semelhantes que podem estar prejudicando o futebol inglês em relação a times de outros países.
Eles comentam sobre o caso do Valencia que tinha dívidas de 340 milhões de Euro e recebeu ajuda do Banco do Governo regional, além de ter vendido vários jogadores, David Silva veio para o City porque o Valencia precisava muito de dinheiro. O próprio Joaquin Almunia divulgou um comunicado sobre uma investigação envolvendo cinco clubes holandeses, inclusive o PSV, que teriam recebido ajuda das prefeituras.
Outra coisa que também está sobre investigação pela Comissão é o regime fiscal de alguns clubes na Espanha. Desde 1992 todos os clubes tiveram que se tornar empresas, exceção a quatro: Real Madrid, Barcelona, Athletic de Bilbao e Osasuna. Como eles são classificados como organismos sem fins lucrativos ( então tá) não precisam pagar tanto impostos como seus concorrentes, uma vantagem considerável.
O The Independent questionou o Real e a resposta foi simples: "Houve uma evolução de mercado do valor do terreno e a prefeitura agiu dessa forma para proteger o interesse municipal."
Assim como o acordo entre Manchester City e Etihad está sendo investigado pela UEFA para saber se o clube trabalhou com brechas na regulamentação da FPF, é papel de Michael Platini investigar profundamente esse caso, se realmente ele tem interesse que seu projeto seja uma legislação para todos ou para apenas alguns intrometidos não quebrarem o status quo da Liga dos Campeões.
A decisão deve demorar para sair, mas acredito que a diretoria do Manchester City vai acompanhar de perto o desenrolar do caso para que o clube não seja desfavorecido em detrimento a um gigante do futebol mundial.
Para quem quiser ler a notícia em inglês, aqui está o site do The independent e análise do colunista Sam Wallace.
Nenhum comentário:
Postar um comentário