domingo, 19 de junho de 2016

Viagem à Manchester - parte II

Essa deve ser a parte de menor duração em horas, mas foi a mais confusa de toda a viagem. Para recapitular, terminei a última saindo de Frankfurt para Manchester, agora estou no Aeroporto da cidade inglesa e começa um período de quase quatro horas de problemas.

Antes de entrar no avião, havia duas filas que separava os ingleses dos não ingleses, é óbvio que entrei na segunda, entretanto na hora que cheguei no guichê, o funcionário ficou olhando para o meu passaporte, pensou, tirou um tempo para tentar entender o porquê deu ter me dirigido para aquela fila. Tive que mandar a tradicional explicação que eu sou brasileiro, apenas nascido em Manchester, não sou inglês. O campeão aceitou, me deu um papel para a imigração e vida que segue.

O voo entre as duas cidades é curto, pouco mais de uma hora, mas num avião pequeno e todas a cadeiras lotadas, para piorar eu fiquei no meio. Eu basicamente voltei no tempo nessa viagem: sai às 23 da Alemanha e, por causa do fuso horário de uma hora a menos na Inglaterra, também cheguei às 23 na Inglaterra.

No aeroporto, a primeira coisa a fazer foi andar para cacete até chegar ao posto da imigração (todos os aeroportos você anda muito). Aquele documento que o funcionário me deu na Alemanha foi preenchido com ajuda do senhor que fazia bastante aquele trajeto, gente boa o sujeito. Fui liberado logo e fui buscar minha mala. Quando estava na Alemanha, uma amiga tinha perguntando se eu havia levado alguma roupa na mochila para caso a mala tivesse sido extraviada, a resposta foi negativa.

Enquanto a minha mala não chegava, já tinha visto uma outra umas três vezes, eu só xingava a mulher. Eventualmente a mala apareceu e eu pude tomar o rumo da cidade. Eu poderia ter tomado um táxi, quando cheguei no ponto, não havia nenhum e tinha uma pequena fila. Conversei com um sujeito e ele falou que havia o ponto final do ônibus ali perto que me levaria para o centro de Manchester. Pensei que seria uma boa ideia, afinal já peguei ônibus tarde da noite aqui no Rio e nada aconteceu, por que aconteceria em Manchester?

A minha preocupação foi uma que já tinha tido aqui no Brasil, notas pequenas de Libra para facilitar o troco. Quando fiz a compra na casa de câmbio, eles só vendiam notas de 20 e 50 libras, sabia que isso iria dar problema. Quando cheguei no terminal de ônibus, uma menina e seu pai me ajudaram em relação aos ônibus, mas não deu para trocar uma nota de 20 e nem naquelas máquinas automáticas deu para comprar qualquer besteira para ter troco. Vamos ver o que o motorista dirá.

E a resposta não foi muito satisfatória não. Era quase meia noite, mostrei a ele aquela nota de 20, olhou para a minha cara, falou muita coisa que eu não entendi, na mínimo estava me xingando, entendi a parte do " senta aí atrás e quando chegar no ponto final, a gente vê", bem puto da vida. Como no Brasil, pelo menos aqui no Rio, se usa muito o bilhete eletrônico, é pouco dinheiro na mão do motorista.

Sentei quietinho na minha com a mala, a mochila e um cara de assustado, muito estudante indo ou saindo de festas entrando no ônibus, e fui até Piccadilly Gardens, que é o centro de Manchester. Quando chegou no ponto final, não havia troco, o cara me deu um esporro para ou comprar um bilhete eletrônico, que é muito mais jogo e barato do que pagar passagem, ou arrumar notas baixas. Ok, agradeci e saltei.

Gente, havia pouquíssimas pessoas na rua para eu pedir informação. E frio. Eu tinha que chegar no hotel Ibis Budget na Pollard Street, que segundo o Google Maps, não era longe do centro. Aquele tempo que eu gastei nos cursos de inglês, nessa noite mostrou que eu deveria ter me esforçado mais. Eu tive a primeira aula quando fui pedir direção num supermercado. Cheguei e perguntei para uma pessoa que estava lá dentro se saberia onde fica o Ibis Budget. O cara pensou, pensou e pensou mais um pouquinho e veio com a resposta, você quer dizer Aibis Budget. Minha contra resposta foi "isso aí campeão". Ele não sabia.

Fiquei rodando, tentei mexer no celular (aquele que estava com problema na Alemanha) para saber se conseguiria utilizar o GPS, sem internet, sem chance. E fui eu rodar a cidade numa noite fria e com mala na mão para procurar saber onde era o hotel. Depois de um tempo entrei num hotel e perguntei, os funcionários não sabiam direito aonde era. Me deram um mapa, fizeram marcação nele, só que sem confiança nenhuma. Andei mais, a noite continuava fria, sorte que não chovia. Um momento reflexão aqui: há muito morador de rua em Manchester, não foi difícil encontrá-los deitados em farrapos no chão. 

Andei até a estação de trem para pedir ajuda. Quem tentou me ajudar não era o inglês, parecia um imigrante pela dificuldade de falar. O cara tentou me ajudar, mas também não conhecia a cidade. De uma salinha saiu um casal de policial, achei que poderiam ser eles os salvadores, mas o homem quis apenas me dar uma direções, eu achei que poderia me colocar no carro e me levar, afinal não parecia que seria uma viagem longa de carro. Eu achei o sujeito bem grosso e aprendi que qualquer rua onde passem dois carros é uma rua principal para eles.

Tentei seguir a direção dada por ele, mas não deu em nada e imaginei que poderia ter acabar pior a situação. Vocês sabem aquele filmes americanos onde há um rua que passa por debaixo de um viaduto escuro e que normalmente serve de ponto de venda de drogas, prostituição e qualquer coisa que possa dar merda? É, eu tive que passar por uns dois desses.

Imaginem isso no escuro.
                                       
Com a direção me dada, eu teria que passar e eu pensei: "vou ser roubado, morto, ter meus órgãos retirados, vou ser enterrado como indigente, mas tenho que passar por aí para chegar." Nada aconteceu, seja nada de ruim, mas também não cheguei no hotel. Entrei numa garagem estacionamento e o cara também não sabia para onde eu deveria ir. Sai e passei por outro viaduto daquele, já era uma hora da manhã ou mais. 

Veio um taxista me perguntar se eu queria ajuda, quer saber? Vamos nessa, não dá mais para ficar andando a esmo e estava bem cansado. Só que o campeão era somaliano e torcedor do Chelsea, puxou conversa sobre o futebol brasileiro, fingiu que conhecia os times aqui e me levou para o Aibis. Só que no errado. O meu era o Ibis Budget na Pollard Street, ele me levou no Ibis na Portland Street. Eu sabia que era o errado por causa da fachada do hotel, mas nem quis discutir com o taxista. Paguei, sai do táxi, entrei no hotel para pedir informações.

O recepcionista que também não era inglês me perguntou se eu queria as direções, porque eu tenho certeza que ele saberia, ou outro táxi. Preferi o táxi porque o cara iria seguir as orientações do recepcionista e eu finalmente chegaria ao meu destino. O taxista não era inglês, era marroquino, mas esse aí sabia chegar! At last, Ibis Budget Hotel on Pollard Street.

Fiz o check in quase às duas da manhã e fui para o meu quarto. A minha surpresa foi chegar nele e ter uma cama tipo beliche, acima da cama de casal. Com a cabeça a mil, eu pensei será que, por causa dessa cama extra, eu contratei um quarto que eu poderia ter que dividir com alguém? Desci e perguntei, o cara, que também não era inglês, me disse que não. Não acreditei muito não, então tranquei a porta e coloquei a mala atrás da porta para me proteger.

Gente, isso era sábado de madrugada, dia 05 de março, já era dia do jogo contra o Aston Villa. Eu tomei um banho e entrei na cama. Eu estava tão assustado que dormi em posição fetal, todo encolhido. Não conhecia nada da cidade, a comunicação em vários momentos foi complicada, me sentia um analfabeto. Só ia sair do quarto para ir ao jogo! Mas pensei melhor, tomei coragem, levantei às 7 da manhã e fui conhecer a cidade de manhã antes da partida.

O dia do jogo será a parte III da viagem.


4 comentários:

  1. Carlos, tudo bem?

    Encontrei seu post falando sobre a chegada pelo aeroporto de Manchester e queria ver se você pode me ajudar. Também estou programando uma viagem à Inglaterra em novembro. Será a minha primeira viagem internacional e a imigração sempre dá medo. Como foi o procedimento em Manchester? Tem como contar um pouco?

    Pensei em comprar a passagem para desembarcar em Manchester para seguir até Liverpool, pois pretendo ver um show lá e seguir depois para Londres e Escócia por último. Mas fiquei com medo de encrencarem de uma turista brasileira chegar em Manchester e acharem que optei por esse aeroporto para burlar o sistema (sim, um pouco neurótica e ansiosa kkkk)

    Me dá um feed-back de como foi a passagem na imigração de lá, por favor

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    1. Olá Gisele, tudo bem?

      Olha foi bem tranquilo a imigração. Eu peguei um voo do Rio para Frankfurt e de lá para Manchester. Na hora do embarque na Alemanha me entregaram um papel simples, sem muito detalhes, para eu preencher, eram informações básicas, como o endereço de onde eu iria ficar, coisa que eu não sabia 100%, mas preenchi e não houve problemas, tinha um sujeito que fazia sempre essa viagem para Manchester que me ajudou. Na hora do desembarque eram duas filas: uma para estrangeiros e outra para ingleses. Teve um casal de asiáticos que, pelo visto, devem ter preenchido errado e o carinha da imigração deu esse papel novamente e eles sentaram lá para preencher, não me parece terem criado muito problemas para eles.

      Na imigração foi isso, passei sem problemas, é claro que sempre dá um susto, mas o Aeroporto não é tão pequeno assim. Na volta eu encontrei uma brasileira que visitou a família em Liverpool e pegou o voo para o Brasil de Manchester, o aeroporto é bem movimentado, acredito que eles não tenho esse medo de que usem esse aeroporto para burlarem o de Londres.

      Pela minha experiência eu te dou algumas dicas: tenta arrumar nota baixa de libra, na casa de câmbio que comprei só deram de 20 e 50, e são notas altas. Se soubesse disso, teria tentado trocar no aeroporto de Frankfurt, cheio de casa de câmbio, tenho certeza que um dos funcionários falaria inglês e teria resolvido minha vida.

      Eu preferi comprar um chip lá, ao invés de usar o roaming da Vivo achei que sairia muito caro. Comprei um de 2 gb por £ 15, na verdade comprei dois, só que o primeiro comprei numa banca e achei que tinha conseguido colocar para funcionar, mas não, então fui nessa loja Carphone Warehouse e comprei de outra operadora e só sai de lá com a certeza que tinha funcionado, foi da operadora EE e funcionou em Londres e no caminho até Manchester, fiquei no Whatsapp durante essa viagem de trem entre as cidade sem problema com o pessoal aqui no Brasil.

      Para ir a Liverpool, comprei passagem de trem no estação de Piccadilly, foi sem problema, na máquina mesmo. Comprei lá porque era barato mesmo, achei que não valeria usar o cartão de crédito para comprar aqui no Brasil. Na viagem para Londres, eu comprei antecipado aqui no Brasil.

      Se tiver qualquer dúvida, eu posso tentar de ajudar. Boa viagem e vai estar frio em novembro hein?!...rs

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  2. Carlos, muito obrigada! Já me ajudou bastante a perder o medo da imigração rsrs
    Você pode me passar o site onde comprou bilhete de trem antecipado aqui no Brasil?

    Novembro vai estar frio mesmo... Preparando os casacos hehehe

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    1. Eu comprei pela Virgin Trains, mas não sei como cheguei neles. O que eu me lembro que eu procurei algo do tipo "train Manchester to London" no google e apareceu um site com os horários e a possibilidade de comprar o bilhete por lá, acho que o site era o Trainline.com e, depois de escolhido o bilhete, eles direcionam para o site de uma empresa de trem. Pode ter sido assim como cheguei na Virgin.

      A passagem ida e volta de Manchester e Londres deu £ 47 e ida e volta entre Manchester e Liverpool deu £ 7.

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