domingo, 12 de junho de 2016

Viagem à Manchester - parte I

Nesse período de ausência no blog, eu não deixei de acompanhar o Manchester City, só não estava disposto a escrever. Tanto não larguei o City de mão que aproveitei minhas férias em março e fui conhecer a cidade onde nasci e ver um jogo in Loco. Foi bem legal a viagem com alguns problemas pontuais, mas que depois do ocorrido e nada grave ter acontecido, fica engraçado.

Os grandes problemas aconteceram no primeiro dia da viagem, na ida do Rio de Janeiro para Manchester via Frankfurt. O meu planejamento foi para ver o jogo entre o Manchester City e Aston Villa, dei sorte porque pegaríamos o lanterna, mais lanterna do mundo. Nesse cenário imaginava muitos gols e que, ainda bem, aconteceram. Então vou começar a descrever a viagem.

É preciso colocar na cabeça de vocês que essa era uma viagem cabaço, nunca havia saído do país sozinho, então não tinha a menor ideia do que iria acontecer comigo, era tudo novidade. O voo da Lufthansa saiu do Rio às 19 horas do dia 03 de março, faria escala em Frankfurt para eu pegar um que me deixaria em Manchester. Achei que isso fosse mais seguro, chegar em Manchester e não em Londres para não ter perigo por causa de atrasos e perder o jogo, afinal o jogo era o objetivo.

O avião estava bem vazio, mas antes da decolagem , um sujeito, que eu acredito que seja russo e estava na mesma fileira de três poltronas do que eu, falou alguma coisa comigo em inglês: "sdasda asdsaTED?", que eu não entendi nada. Como sou um cara desconfiado, não dei muita bola, não me lembro o que eu respondi, mas fiz de cara fechada, é meu jeito. As portas do avião foram fechadas, ele pulou para a fileira da frente e aí eu entendi o quê ele falou: "The board is completed?", o embarque está completo? 

Ele queria saber disso porque queria pular para a fileira da frente, ter mais espaço para nós dois e, como era um voo noturno, levantaríamos os apoios das poltronas e dormiríamos "confortavelmente". Entenderam? O cara foi simpático comigo e eu fui escroto sem necessidade. Ficou essa lição para mim: russo não é mafioso como nos filmes de Hollywood. Esse aí e o amigo dele foram simpáticos na medida do possível. Beleza, dormi e acordei com essa visão do amanhecer por cima da Espanha, quase chegando na Alemanha.

                                                   
Amanhecer sobre a Espanha

Amanhecer sobre a Espanha


Aterrissamos na Frankfurt e estava pronto para eu ir para o terminal de embarque para Manchester. Para a minha surpresa haveria um ônibus para nos levarmos para lá, antes de fazer o embarque passaríamos na imigração. Eu digo minha surpresa porque achei que teríamos aquele troço que acopla no avião e nos deixa direito no prédio, eu não estava preparado para enfrentar o frio de 7º C (que fique claro que eu moro no Rio, então isso é frio, ok?). Porra dentro do avião estava quentinho, não estava nem de casaco. 

Entrei no ônibus e já procurei o casaco que levava na mochila, mas não era suficiente e ainda tinha que esperar todas as pessoas descerem e embarcarem nesse maldito ônibus. Gente, parecia aqueles filmes onde tem um carro de palhaço que não para de sair gente de dentro, que inferno (de frio!). E por último saia, os pais com seus filhos que queriam brincar na escada, não se preocupavam com o frio porque para eles aquilo era normal. Eu batendo queixo no ônibus e aquelas malditas crianças rindo e se divertindo. Beleza, superei essa desafio sem xingar (pelo menos em voz alta) ou matar nenhuma daquelas crianças.

Na imigração foi tranquilo, como meu objetivo era ir para a Inglaterra, o policial de fronteira alemão falou que não precisava passar por ali porque a Inglaterra não fazia parte do Acordo de Schengen, apesar de ter tirado o seguro exigido para quem passa ou visita os países desse acordo. Como eu tinha apenas cinco horas para pegar a conexão para Manchester, eu não tinha o porquê visitar Frankfurt, era capaz de conhecer nada e perder meu voo.

Fiquei rodando no aeroporto e procurei naquelas Tv´s se o voo estava no horário. Conferido, iria embarcar em menos de cinco horas para Manchester! Aproveitei o wifi do aeroporto e fiquei conversando com o pessoal no Brasil via Whatsapp, só que o celular resolveu dar um problema de merda.

Imagina vocês que o sensor ficou travado em dois lugares, mais ou menos em cima do "5" e do "7", ele ficava louco apertando esses dois "botões" e eu não conseguia fazer nada. Porra, logo aqui para dar esse problema?! O celular seria minha máquina fotográfica, meu GPS e meu modo de avisar as pessoas no Brasil que estava vivo e ele para de funcionar? Inferno! Desliguei ele, limpei a tela com tanta força, tirei o cartão de memória, tentei fazer de tudo para que funcionasse. Essas medidas não deram certo 100%, mas resolveu parte do problema. A outra parte eu resolveria na Inglaterra, não queria me estressar mais em terras germânicas, senão iria ficar um 8-1 para eles.

Com a cabeça no lugar, fui procurar o setor de embarque para Manchester, mas reparem na foto abaixo, não no meu dedo, mas no telão, o que está estranho para vocês?


Aeroporto de Frankfurt
                                                     
Notaram? Havia um único voo cancelado! E qual era o destino? Isso mesmo, Manchester. Não vou chorar (muito) e dizer que tudo acontece comigo, tinha 9 telões desse e apenas DOIS voos cancelados, sendo UM meu! Que ódio. Se vocês repararem, um pouco abaixo tinha um avião com destino a Birmingham, o embarque já acontecia, ou seja, não foi cancelado. E me lembro que mais ou menos na mesma hora um para Londres também estava liberado. Em Manchester aconteceu uma nevasca e o aeroporto fechou. A solução era procurar um guichê da Lufthansa e pedir explicações.

Cara, eu estava no aeroporto da empresa, assim como a TAM tem o Guarulhos em São Paulo. E procurei para achar um aberto, rodei bastante e por uns 10 minutos até encontrar duas simpáticas funcionárias. Eu expliquei minha situação para elas, num inglês de fazer inveja a Shakespeare, elas entenderam, me ajudaram, avisaram que o voo atrasaria 5 horas por causa da nevasca, mas esse atraso poderia ser maior ainda, dependeria do tempo de Manchester, que descobri que é imprevisível, e me indicaram um local para ir onde poderia tirar um voucher de 10 Euros oferecido pela empresa.

Apesar de simpáticas, elas falavam alemão entre elas. Como sou desconfiado (vide parágrafo acima), tenho certeza que elas estavam me entubando de alguma maneira, elaborando uma mentira para me contar e rirem da minha cara depois. Eu não tenho como provar isso, mas se pegarmos o vídeo nessa momento da conversa e se fizermos uma leitura labial em alemão, possivelmente, teria como processar a Lufthansa por deboche. Segue o jogo e fui pegar o voucher. Com meus 10 Euros, mais de 40 reais naquela época, preferi não arriscar e procurei um lugar certo para comer: McDonald´s!

                                                 
Propaganda gratuita do McDonald´s

Como eles não poderiam dar troco com o Voucher, o campeão que me atendeu ofereceu a promoção do McRib mais dois cheeseburguers e ainda sobrou três centavos, que deixei para o restaurante porque devem estar passando por dificuldades financeiras imensas. Toda essa aventura não fez passar tanto o tempo assim. E olha que achei um TV em inglês num lugar silencioso que eu pude acompanhar aquele circo que foi a condução coercitiva do Lula para depor na Polícia Federal. Me imaginei o personagem de Tom Hanks em o Terminal, o Sr Viktor Navorski, meu país estaria desfeito, não seria reconhecido por nenhum outro e não poderia sair do aeroporto.

Mentira isso, nem passou pela minha cabeça, pensei nessa bobeira agora....

Originalmente sairia às 16:35 da Alemanha e chegaria em Manchester por volta das 18 horas, ainda com muito movimento nas ruas. Mas com o atraso a saída ficou com por volta das 21 horas e chegada às 23 horas. Isso era na sexta feira, dia 04 de março, o jogo estava marcado para às 15 horas, horário de Londres, no sábado, dia 05. Estava um pouco tenso, mas ainda confiante que veria esse jogo. 

Não houve mais atraso, ainda bem, e o voo saiu de Frankfurt, lotado, às 21 horas em direção à Manchester, onde a aventura continuava. Nos próximos dias escreverei sobre minha chegada ao destino e qualquer coisa que possa ter esquecido sobre minha breve estada na Alemanha sem ter encontrado o Khedira.

E lembrei agora e não quero deixar de registrar: todos os funcionários da Lufthansa (incluindo as meninas do guichê, fiz apenas uma brincadeira), do aeroporto foram muito simpáticos comigo, quando precisei de ajuda, se esforçaram ao máximo.

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